O fundamentalismo, corrente ideológica que leva à doutrinação de um coletivo de pessoas baseada principalmente em aspectos ligados à religião, está cada vez mais presente nos espaços de discussão da sociedade brasileira. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi eleito em 2018 principalmente por seu apoio a uma pauta de costumes.
Durante a campanha de 2022, houve várias tentativas de utilização de um discurso de cunho moralista para tirar o foco da discussão sobre ações e programas de governo. Essa estratégia deriva da mesma utilizada nas eleições norte-americanas e utiliza discussões religiosas para fazer oposição à ciência, através de discursos muitas vezes criminosos de apologia ao nazismo, racistas, homofóbicos e misóginos. O tradicionalismo pregado pelos defensores de uma pauta de costumes oculta a estratificação social e ressalta a submissão das mulheres e dos filhos a uma figura paternalista, reproduzindo o autoritarismo do sistema capitalista no qual uma pequena parcela dita as regras e coleta os benefícios enquanto que os demais submetem-se ao que está estabelecido sem possibilidade de argumentação.
Como consequência, nas relações de trabalho, vemos hoje que, ao invés da união da classe trabalhadora, há uma prevalência da relação entre irmãos na religião, resultando em espaços de disputa dentro das organizações que não levam à luta por condições justas de vida para todos e todas.
Nesse contexto, a educação tem obrigação de pautar a ideologia fundamentalisma para combatê-la. É necessário buscar caminhos para cultivar o senso crítico em favor da contra-hegemonia, capaz de vencer o fundamentalismo através da discussão ampla e embasada cientificamente, livre de preconceito. Precisamos fortalecer os grêmios nas instituições de ensino, para que a preocupação da juventude com a cultura do cancelamento não seja maior do que com os crimes cometidos. O consumo de conteúdo na Internet deve ser um aliado na difusão de ideias e pensamentos que podem contribuir para o debate saudável nas escolas.