CONTRA A FALÁCIA GOLPISTA, DEFENDER UM ESTADO VOLTADO PARA O POVO!
A história é implacável! Durante anos as categorias de “neoliberal”, “a serviço do capital” e “de conciliação” foram usadas para sustentar narrativas contra aqueles que optaram pela via do acúmulo de forças, lutando para produzir avanços conjunturais e objetivos para quem está na margem e à margem do sistema. Ainda hoje se ouvem essas vozes, porém mais roucas e dispersas, pois suas vibrações não se afinam com a realidade. A história é implacável e vem mostrando o que realmente é um governo “a serviço do capital”, “neoliberal”, além de diluir em um lago de nuances a questão da “conciliação de classes” dos governos nacional-desenvolvimentistas de orientação republicana, democrática e popular entre 2003 a 2016.
Após o golpe que interrompeu o governo de Dilma, a sociedade tem sido acometida, quase que diariamente, com “reformas” totalmente orientadas pelo e para o mercado em todos os setores. O principal objetivo é transformar direitos em mercadorias, para isso destroem a capacidade do Estado de promover políticas públicas com vistas n desenvolvimento econômico e social. Aliado às medidas econômicas recessivas há um movimento conservador que ameaça tudo que se conquistou em termos de inclusão, diversidade e direitos humanos.
O Golpe é uma ação coordenada pela a Casa Branca com apoio da elite brasileira, tacanha, subalterna e entreguista, que desde o império ocupa os principais cargos do judiciário, parlamento e possui o monopólio da mídia. O objetivo dos golpistas é deslocar a riqueza produzida no país para o exterior, para servir às corporações internacionais estadunidenses, interrompendo o percurso do Brasil como país soberano e liderança internacional que pudesse fazer frente aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, ficando com os operadores do golpe no país os privilégios sociais, os símbolos de “seus méritos” e migalhas econômicas.
A batalha mais recente dessa guerra, porém não a última, foi travada nas estradas Brasileiras e ainda não terminou. As principais pautas dos caminhoneiros estavam ligadas ao interesse dos empresários que tiveram enorme influência no movimento e isso foi tão explicito que até a mídia denunciou o locaute e o governo promoveu investigações e aplicou multas para empresas. Mais uma vez houve apropriação de um movimento que incidiu fortemente na conjuntura. A greve dos petroleiros foi tratada de modo totalmente diferente, com truculência judiciária, presença de forças de segurança nas refinarias e nenhum apoio midiático.
Muitas perguntas ainda ficam no ar: quem realmente se beneficiou dessa greve/locaute dos caminhoneiros? O que de fato ela trouxe de ganho para o trabalhador e trabalhadora? O que acumulou para derrubar o golpe e suas medidas anti-povo? Teria a greve reforçado a narrativa liberal de que o Estado é caro e ineficiente e que “o problema é o imposto”, como ecoou campanha publicitária das entidades patronais do comercio varejista de combustíveis dias antes da “deflagração” da greve/locaute dos caminhoneiros?
É importante comemorar vitórias relevantes para o movimento, como a demonstração da força e potencial de uma categoria de trabalhadores de origem popular e com grande capacidade de se conectar com a população de um modo geral. A saída de Pedro Parente da presidência da Petrobrás também é uma vitória. Porém, a política de desmonte da Petrobrás e de preços totalmente atrelados aos interesses do mercado internacional continua.
A gasolina foi reajustada pra cima duas vezes seguidas, o preço do gás de cozinha, já está muito alto e dificilmente vai baixar após reajustes pela regra “demanda x procura” durante a greve. E o pior: O governo anunciou cortes aos já combalidos orçamentos da Educação, Saúde e Ciência & Tecnologia, o que é ferir de morte esses setores, se considerar que também foi extinto, por medida provisória, o fundo soberano, formado com recursos do pré-sal. Ou seja, o golpe continua “voando” para destruir o país e seu patrimônio, a educação e a saúde pagando a conta dos grandes empresários do transporte.
Temos imensas tarefas na luta para resistir e garantir que não sejam derretidos ainda mais os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. A luta contra o conservadorismo e o fascismo não deve esmorecer, porém nós, que militamos no movimento sindical do serviço público, também precisamos lançar mão de uma narrativa estratégica que deve ganhar os corações e mentes nesse momento em que a direita está mostrando objetivamente seu modo de governar: em favor do mercado financeiro internacional.
Precisamos defender o Estado voltado para a maioria da população, como promotor de desenvolvimento e dos direitos do povo, as empresas públicas como reguladoras do mercado interno em áreas estratégicas. É urgente combater a ideia da renúncia fiscal do Estado [mantida para os empresários do transporte através do locaute], pois é do imposto e somente só, que vem recursos que garantem efetivamente as políticas sociais. O que se quer, ao reduzir impostos é aumentar ainda mais os lucros dos ricos, que aliás, quase não pagam tributos no país.
Chega de falácia liberal, tirem as mãos dos recursos da educação! Reforma tributária já! Pela taxação das grandes fortunas e pelo fim do sistema da dívida pública!