15 de março de 2023, Praça Santos Andrade, Centro de Curitiba. Aproximadamente 500 pessoas, dentre elas, jovens de movimentos estudantis, representantes de movimentos sindicais e ativistas da educação pública estavam reunidos portando bandeiras e cartazes com um apelo enfático: QUEREMOS A REVOGAÇÃO DO NOVO ENSINO MÉDIO.
Além de Curitiba, outras quatro cidades paranaenses se mobilizaram: Londrina, Francisco Beltrão, Castro e Guarapuava.
“Hoje é um grande dia de luta. O país todo está mobilizado e o Paraná hoje está dando um grande exemplo. Temos atos em muitos municípios, atos grandes, atos pequenos, atos nas escolas, e assim nós vamos fortalecendo os nossos movimentos”, destaca Vanda Bandeira Santana, Secretária Educacional da APP Sindicato, uma das mobilizadoras do ato.
Desde a sua implementação em 2022, o Novo Ensino Médio (NEM) tem sido alvo de críticas por estudantes e especialistas em educação. Charles Mello, estudante do Colégio Estadual Heráclito Fontoura Sobral Pinto e diretor e Comunicação da UPES (União Paranaense dos Estudantes Secundaristas), aponta o aumento da carga horária como um dos prejuízos aos estudantes:
“Com o aumento da carga horária, estudamos até às 12h35. Imagine um estudante que trabalha como estagiário e precisa cumprir um turno que inicia às 13h. Se o trabalho for longe da escola, vai haver atraso, e dificilmente a empresa vai querer manter um jovem com esses atrasos”, explica.
Outra questão que está no centro desse debate é a aplicação de itinerários formativos que fazem parte da formação flexível, onde os alunos podem escolher o que querem aprofundar. O problema é que muitas escolas não possuem professores para ministrar aulas desses itinerários.
“Um estudante escolhe, por exemplo, um itinerário formativo de exatas, mas sofre com a ausência de um professor de física na escola. Além disso, tem escolas que só conseguem aplicar um itinerário formativo. Isso é muito maléfico para estudantes que querem um futuro diferente, para os professores que sofrem com essas implementações, e para a produção do conhecimento no geral”, pontua Luismiguel Reis Mazza, estudante do Colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen e Diretor de Relações Institucionais da UPES.
A Deputada Ana Júlia Ribeiro, ativista da educação pública, esteve presente no ato, e enfatizou a importância da união entre estudante professores e trabalhadores em geral na defesa desta pauta:
“Nós que começamos essa luta em 2016, ocupando as nossas escolas, precisamos intensificar as nossas manifestações para conseguir revogar o Novo Ensino Médio, que em nada nos representa. Só tem um jeito de conseguir a educação pública que a gente acredita: Discutindo e formulando ela com os estudantes e professores”, destaca.
Às 18h30, os manifestantes seguiram em caminhada pelas ruas do Centro em direção à Praça Osório, entoando palavras de ordem como: Revogação Já, e conversando com trabalhadores que acompanhavam a manifestação nas calçadas dos estabelecimentos comerciais:
“O ato foi extremamente lindo. Falamos efetivamente com os trabalhadores que encontramos neste percurso, comunicando que os filhos deles estavam aqui na rua lutando por uma educação de qualidade. A nossa luta só expande, e o ato de hoje foi o estopim para isso. A gente conseguiu reunir muitos Grêmios Estudantis, então as nossas forças estão renovadas para continuar esse calendário de luta pela revogação do Novo Ensino Médio”, comemora Mariana Chagas Lima, presidenta da UPES.