No dia mundial da saúde o Brasil tem mais a lamentar do que a comemorar. Com a vacinação caminhando a passos lentos, o país vai se tornando o epicentro da pandemia no mundo, empilhando mais de 300 mil corpos em pouco mais de um ano. O dado se torna ainda mais grave se comparado à guerra da Síria, que conta 387 mil mortos em 10 anos. Na última terça-feira, outro recorde: mais de 4 mil mortos foram contabilizados.
Enquanto a vacina
não chega à camada da população a que se denomina economicamente
ativa, o mercado sofre, os preços sobem, o sistema de saúde
convulsiona e novas cepas surgem, se espalham e agravam mais
facilmente. Embora a vacinação seja uma possibilidade de luz no fim
do túnel, a competência no processo de imunização é fundamental
para a erradicação eficaz da pandemia. A Organização Mundial da
Saúde destaca que a rapidez com que as vacinas são aprovadas,
fabricadas e entregues é um dos principais fatores no controle e
posterior eliminação da covid 19. A eficácia das vacinas, o
desenvolvimento de outras variantes e o número de imunizados compõem
as outras frentes de combate efetivo às mortes por covid 19 no
mundo.
A
volta às aulas presenciais, a normalização da balança comercial,
o desafogamento do Sistema Único de Saúde e de seus profissionais,
a produção de hormônios de recompensa por interação social: tudo
isso pode e deve ser resolvido com a vacinação. O “darwinismo
social” praticado pelo atual presidente vai na contramão da
erradicação da pandemia e por isso não é possível seguir as
recomendações presidenciais neste momento de crise.
Não custa lembrar que a saúde coletiva é um dever do Estado e um direito humano, que deve ser tratado com seriedade pelas autoridades. A PEC 32, que afeta o acesso da população aos serviços públicos mais básicos, como educação, segurança e saúde é mais uma das facetas de necropolítica que a gestão Bolsonaro força no Congresso para aumentar a desigualdade social e – de fato – transformar direitos sociais em privilégios.