Na última segunda-feira (18) a diretora do campus Nova Iguaçu do CEFET-RJ, Luane Fragoso, foi exonerada pelo diretor geral pro tempore, Marcelo Nogueira. A atitude da Direção-Geral causou reação nos estudantes, que acusaram a decisão de "arbitrária" e "antidemocrática".
Segundo informações divulgadas pelo site do jornal O Globo, a diretora do campus foi exonerada por telefone sem maiores explicações. Segundo nota oficial publicada pela instituição, o afastamento de Luane Fragoso, eleita democraticamente, se deve ao fato de que o CEFET RJ precisaria retomar sua identidade. “Agora é hora de recuperarmos a identidade da gestão e de seus gestores”, diz o comunicado da Direção-Geral Pro Tempore.
A nota também declara que os diretores dos campi não têm mais mandatos válidos legalmente e que futuras modificações poderão ser propostas em busca de segurança jurídica para a retomada identidade da instituição.
Histórico de Intervenções
O
CEFET RJ está em crise de gestão desde abril de 2019, quando, após
as eleições para a Direção Geral, a chapa vencedora foi alvo de
uma sindicância protocolada pela rival junto ao MEC. Para solucionar
o impasse, o presidente Jair Bolsonaro nomeou Maurício
Aires Vieira, indicado pelo ministro da Educação, Abraham
Weintraub.
Marcelo
Nogueira é o segundo diretor-geral pro tempore da instituição, que
desde o ano passado não passou por mais nenhum processo de consulta.
Confira abaixo o comunicado emitido pela diretoria-geral pro tempore na íntegra:
Está
na hora de recuperarmos nossa identidade...
Em dezembro de 2019, recebemos uma pesquisadora que estava visitando o Cefet/RJ. Ela nos deixou impactados com seu diagnóstico sobre o principal desafio da instituição nos próximos meses: fazer com que o Cefet/RJ reconheça sua identidade. Isso gerou momentos de reflexão, porque, em meio a tantos documentos, criações de alcunhas desrespeitosas, cartas de repúdio e ameaças, nada poderia ser mais desafiador.
Uma instituição que passou anos sob uma gestão centralizadora e que anulou sua identidade em detrimento de um projeto de universidade, a partir de então, teria que ver, em nossa gestão, motivação para voltar a se reconhecer como um centro de excelência de ensino tecnológico.
Tão apropriada quanto a defesa de um ensino público de qualidade é a vivência de um ensino público de qualidade.
Identificamos a perda da identidade quando percebemos que profissionais de tão elevado conhecimento investem seu tempo em produzir material inócuo, com críticas subjetivas, ou áudios imensos sem apego à realidade, quando poderiam criar soluções para nossos estudantes e comunidade como um todo.
Vivemos uma temporalidade, agravada pelo advento da pandemia, e esse período da gestão do Cefet/RJ exige, por parte de quem assumiu essa responsabilidade, isenção, transparência, legalidade no trato com a coisa pública.
Manifestamos, aqui, nossa gratidão pelo serviço prestado pelos diretores doscampi até o presente momento, que, de forma irreparável, assumiram essa tarefa ingrata, mesmo não concordando com uma gestãopro tempore, e atuaram de forma idônea e respeitosa na maior parte do tempo.
Recebemos suas diversas cartas de repúdio, entendemos o abrigo que deram aos nossos detratores e, diariamente, temos convivido com seus questionamentos e manifestações de descontentamento com nossa gestão.
Mas agora é hora de recuperarmos a identidade da gestão e de seus gestores. No Cefet/RJ, os diretores doscampi não têm mais seus mandatos legalmente válidos, e futuras modificações poderão ser propostas em busca de segurança jurídica. Essas modificações, caso aconteçam, se manterão durante a temporalidade, deixando ao futuro gestor a capacidade de recompor sua equipe.
Sabemos o quanto é árdua a nossa tarefa, mas o Cefet/RJ não está parado. A pandemia e todas as suas desgraças não poderão ser desculpas para uma gestão partida.
Durante a gestãopro tempore, continuaremos nossos esforços para que o Cefet/RJ encontre sua identidade sem pressa, pois essa instituição centenária não depende de apenas um indivíduo nem de uma única gestão para se reconhecer e ser reconhecida. Como servidores, contribuiremos para recompor essa valorosa força de trabalho que superará todas as adversidades.
Faremos essas modificações da forma menos impactante possível, caso seja necessário, com tempo hábil para os diretores atuais fazerem uma passagem tranquila de gestão. Cada diretor deverá ser o primeiro informado de sua saída ou poderá solicitar sua exoneração, caso julgue necessário. Reafirmamos que a motivação das modificações será a manutenção da segurança dos atos e ações dos gestores, no intuito de cuidar da importante tarefa de que a imagem de sua gestão não seja questionada em momento algum.